O avô das crianças abusadas sexualmente na zona rural de Caipônia (GO) foi coagido a gravar um confessando os crimes, segundo o delegado Marlon Souza, responsável pelas investigações.
Porém, a polícia acredita que os estupros foram cometidos por um líder religioso, com a ajuda da avó das vítimas.
Os abusos eram relatados em um diário.
Os dois, que têm um caso extraconjugal, estão presos.
No vídeo, o avô conta que os relatos aconteceram com as três garotas, de 7, 10 e 13 anos (Veja vídeo abaixo).
Ele aparece ao lado da esposa, que segundo a polícia, levava as netas para serem abusadas com a promessa de enriquecimento, e diz que ela é inocente do caso.
“Começava com as brincadeiras e terminava com os toques, pegando nela, tocando nas partes íntimas delas. No acampamento, teve penetração com o pênis”, diz em um trecho da gravação.
O homem foi ouvido pela Polícia Civil (PC), mas, a princípio, ele não é suspeito de participação nos abusos.
“As vítimas chegaram a aponta-lo como o criminoso, mas depois mudaram a versão. Ele conta que não sabia dos abusos e que foi obrigado a gravar o vídeo. Ele é seguidor desse líder da seita, diz que já foi curado, e tem muito medo do líder de seita e da esposa, tem medo até de ser morto”, contou o delegado.
O avô será ouvido novamente para ser confrontado com as declarações gravadas.
“Quem filmou o vídeo foi o líder da seita, ele até orienta o que o homem tem que falar”, revelou o delegado.
Ainda de acordo com o delegado, os dois suspeitos confessaram informalmente os crimes.
O homem, no entanto, diz que quem cometia os crimes era a entidade que ele incorporava.
O advogado Leonardo Couto Vieira, no entanto, diz que os clientes são inocentes.
“O autor é um outro homem, que inclusive assumiu todos os crimes em um vídeo. É nítida a confissão dele. Não há comprovação sobre qualquer coação para que ele grave o vídeo”, disse.
O defensor informou ainda que vai entrar com um pedido de habeas corpus para os suspeitos, que seguem presos pelo crime de estupro de vulnerável.
Operação Anjo da Guarda 2
O líder de uma seita e a avó das vítimas foram presos na sexta-feira (04/01), em um acampamento na zona rural de Caipônia (GO).
Segundo a polícia, pelo menos três meninas foram violentadas durante cinco meses.
Na barraca do suspeito foram encontrados diversos símbolos religiosos e roupas que seriam usadas nos rituais.
Vários documentos também foram apreendidos.
Em um diário, o homem relatava os abusos contra as três vítimas.
“Com [nome da menor] teve até penetração com consenso e também com pênis. [...] Teve o mesmo acontecimento com a [nome de outra menor] toques com o dedo nas partes internas dela. Muitas vezes também. Só parou quando ela começou a sentir dores”, escreveu.
O delegado informou que esse caderno será periciado, pois há duas letras diferentes.
“O avô das meninas disse que já escreveu no caderno a mando da entidade que ele incorporava. Ainda não sabemos qual parte foi escrita por ele, qual pelo suspeito detido”, concluiu.
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Fonte: G1 Goiás (com adaptações)